quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Prova de Redação da UFC - Verstibular 2008 ( a editar)

Proposta 1

Leia os textos que seguem.

Texto 1

Álvaro fugia e evitava Isabel; tinha medo desse amor ardente que o envolvia num olhar, dessa
paixão profunda e resignada que se curvava a seus pés sorrindo melancolicamente. Sentia-se fraco para resistir, entretanto o seu dever mandava que resistisse.
Ele amava, ou cuidava amar ainda Cecília; prometera a seu pai ser seu marido; e, na situação em
que se achavam, aquela promessa era mais do que um juramento, era uma necessidade imperiosa, uma fatalidade que se devia cumprir.

ALENCAR, José de. O Guarani. Fortaleza: Edições UFC, 2006, p. 240.

Texto 2

Loura e morena: duas faces do feminino.
Duas donzelas são responsáveis pela representação do feminino em O Guarani: Cecília, a loura; e
Isabel, a morena. Mais do que simples traço de distinção física entre ambas, os atributos “loura” e “morena” são marcas de diferença racial e social e, acima de tudo, apontam para dois pólos opositivos e complementares na configuração do feminino na trama romanesca.

SCHMIDT, Simone Pereira. “As relações feminino/masculino em O Guarani”. In:
Revista Letras de hoje. Porto Alegre: PUCRS, v. 30, nº 1, março 1995, p. 64.

Texto 3

ENSAIO – É um texto literário breve, em prosa, situado entre o poético e o didático, caracterizado pela liberdade crítica e pelo tom pessoal assumido pelo autor, que expõe suas idéias, críticas e reflexões a respeito de um tema. Consiste, portanto, na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema. Difere do artigo, principalmente, no que tange à forma de expressão das idéias: enquanto no artigo são expressas opiniões, no ensaio pressupõe-se o amadurecimento de convicções, ou seja, o autor apresenta uma argumentação convincente, resultado de uma reflexão baseada em dados.
Texto elaborado com base em MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 175-178.
A Academia Cearense de Letras está compilando diversos ensaios para organizá-los em uma obra intitulada Personagens Femininas de José de Alencar.

· Produza um ensaio no qual você analisa o antagonismo abordado por José de Alencar, em O Guarani, através das personagens Cecília e Isabel. Lembre-se de que seu texto deve apresentar a descrição das duas personagens e a reflexão acerca do enfoque dado por Alencar à oposição entre elas.
Proposta 2

Texto 1

(...)
O que admira na nova peça de Eduardo Campos, O Morro do Ouro, é a perfeita identificação do
teatrólogo com o ambiente posto em destaque. (...) Acredito que o autor será bastante criticado por muita gente que ainda acha que em uma obra de arte, sobre a nudez pura da verdade, deve vir sempre o manto diáfano da fantasia. (Fran Martins) (...)
Van Jafa, no Correio da Manhã, escreveu: Rosa do Lagamar deixa bem clara a qualidade de Eduardo Campos, que teve a seu favor a personagem Rosa (telúrica e de características gregas). (...) Rosa do Lagamar indica uma vez o caminho de um teatro brasileiro, de um teatro repleto de autenticidade, de um exato teatro regional, a comédia de costumes, típico de aspectos sociais e por vezes políticos.
(...)
A Donzela Desprezada é o menos realista dos três textos. O foco menos aproximado. Se no Morro e em Rosa, Eduardo Campos tem um olhar, digamos, “microscópico”, na Donzela ele é mais distanciado. Por isso algumas passagens parecem apenas esboçadas, um texto em elaboração. Prevalecem cenas curtas, telegráficas, cenas simultâneas, ritmo ágil.
COSTA, Marcelo. “Um autor em dois atos”. In: CAMPOS, Eduardo. Teatro: teatro completo de
Eduardo Campos. Vol. II, Fortaleza: Edições UFC, coleção Alagadiço Novo, 1999, p. 13-20.

Texto 2

PARECER CRÍTICO – gênero textual no qual, além da resenha da obra, constam a avaliação das idéias expostas, a apresentação dos aspectos positivos e negativos, a justificativa da avaliação e, finalmente, deve constar do parecer o aconselhamento, ou não, da adoção da obra analisada.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: o que são e como se constituem. Recife: UFPE, 2000, p. 103.

Uma editora deseja reeditar obras cujas histórias acontecem em Fortaleza. Dentre elas, consta Três Peças Escolhidas, de Eduardo Campos. Entretanto, a editora só o fará depois que receber um parecer crítico de um leitor jovem. E você foi o escolhido para fazer isso.

· Produza um parecer crítico sobre Três Peças Escolhidas, de Eduardo Campos, no qual você analisa a obra, especificamente, conteúdo, linguagem, gênero textual, e, em seguida, posiciona-se, favoravelmente, ou não, à publicação da referida obra. Lembre-se de que, por tratar-se de um concurso, seu parecer não deve ser assinado, sob pena de sua prova ser anulada. Se, mesmo assim, pretender fazê-lo, só poderá usar um codinome: LEITOR JOVEM.

Proposta 3

Texto 1

“Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando”, costumava dizer Ana Terra. Mas, entre todos os dias ventosos de sua vida, um havia que lhe ficara para sempre na memória, pois o que sucedera nele tivera a força de mudar-lhe a sorte por completo. Mas em que dia da semana tinha aquilo acontecido? Em que mês? Em que ano? Bom, devia ter sido em 1777: ela se lembrava bem porque esse fora o ano da expulsão dos castelhanos do território do Continente. Mas, na estância onde Ana vivia com os pais e os dois irmãos, ninguém sabia ler, e mesmo naquele fim de mundo não existia calendário nem relógio.
Eles guardavam na memória os dias da semana; viam as horas pela posição do sol; calculavam a passagem dos meses pelas fases da lua; e era o cheiro do ar, o aspecto das árvores e a temperatura que lhes diziam as estações do ano. Ana Terra era capaz de jurar que aquilo acontecera na primavera, porque o vento andava bem doido, empurrando grandes nuvens brancas no céu, os pessegueiros estavam floridos e as árvores que o inverno despira se enchiam outra vez de brotos verdes.
VERÍSSIMO, Érico. Ana Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 7.

Texto 2

Pedro teve de abandonar a lavoura para se incorporar à tropa de Chico Amaral.
– Uma coisa me diz que desta guerra eu não volto – murmurou ele quando se preparava para partir.
Arminda, que chorava com Bibiana agarrada às saias, não disse nada. Mas Ana Terra, que tinha os olhos secos, botou a mão no ombro do filho e falou:
– Volta, sim. (...) Pense nos seus filhos, na sua mulher, na sua lavoura.
Os olhos do Pedro brilharam.
– Mãe, tome conta de tudo.
– Nem precisa dizer.
(...) Ao partir ele estava pálido. Sabia como era a guerra. Não tinha nenhuma ilusão.
E de novo o povoado ficou quase deserto de homens. E outra vez as mulheres se puseram a esperar.
E, em certas noites, sentada junto do fogo ou da mesa, após o jantar, Ana Terra lembrava-se de coisas de sua vida passada. E, quando um novo inverno chegou, e o minuano começou a soprar, ela o recebeu como a um velho amigo resmungão que gemendo cruzava por seu rancho sem parar e seguia campo fora. Ana Terra estava de tal maneira habituada ao vento que até parecia entender o que ele dizia. E nas noites de ventania ela pensava principalmente em sepulturas e naqueles que tinham ido para o outro mundo. Era como se eles chegassem um por um e ficassem ao redor dela, contando casos e perguntando pelos vivos. Era por isso que muito mais tarde, sendo já mulher-feita, Bibiana ouvia a avó dizer quando ventava: “Noite de vento, noite dos mortos...”

VERÍSSIMO, Érico. Ana Terra. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 98-99.
Bibiana não conheceu o avô, Pedro Missioneiro, apenas sabia que morrera muito cedo, antes mesmo de ter-lhe nascido o filho, Pedro Terra, pai de Bibiana. Naquela noite, ela teve a curiosidade de pedir à avó, Ana Terra, que lhe descrevesse seu avô e que contasse como se conheceram e como ele morrera.

· Produza um texto, em 1ª pessoa, no qual Ana Terra descreve Pedro Missioneiro, avô de Bibiana, e narra à neta um pouco da intensa, embora meteórica, história dos dois: Ana Terra e Pedro Missioneiro.

4 comentários:

Gabriela disse...

que meeeeerda em?
odiaria fazer qualquer uma dessas propostas! :S

luizah_ disse...

aff.. se fosse eu, zerava na hora ;//

Unknown disse...

as propostas sâo otimas adoraria fazer qualquer uma delas

Unknown disse...

ninguém merece .....